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Coisas Eróticas

30 ANOS DO 1º FILME PORNÔ BRASILEIRO via @seximaginarium

Em julho de 1982, há exatos 30 anos, estreava no Windsor, cinema tradicional do centro da cidade de São Paulo “COISAS ERÓTICAS”, o primeiro filme pornô brasileiro. Com um público de 4,7 milhões (17º lugar na lista das maiores bilheterias do cinema brasileiro de todos os tempos), o filme mudou a trajetória do cinema nacional. Atualmente o acesso ao material pornografico produzido pelo mundo é facil – internet, canais a cabo, DVD, BLU RAY – mas na época do lançamento de “COISAS ERÓTICAS”, ainda sob a censura do regime militar, era difícil conseguir e assistir um filme XXX. O VHS era raro no Brasil e o jeito era assistir dividir um pornô com amigos no “bom e velho” super 8. Uma verdadeira punheta coletiva! 

Após o sucesso  do 1º FILME PORNÔ_BR o público cinéfilo-punheteiro não queria mais ver apenas seios, nádegas e simulação de sexo com o pau mole. Para fazer sucesso nas bilheterias, era necessário mostrar explicitamente o “algo mais”!!

Em meados da década de 1980 a indústria paulistana da pornochanchada foi consumida pela invasão do sexo explícito. Cineastas criativos que produziam películas muito bem dirigidas passaram a realizar filmes pornôs. Jean Garret fez “FUK FUK À BRASILEIRA”, “O BEIJO DA MULHER PIRANHA”; Ody Fraga fez o sucesso “SENTA NO MEU QUE EU ENTRO NA TUA”; José Mojica Marins (Zé do Caixão) fez dois filmes explícitos, um dos quais pensando em fazer o público ter nojo de ver sexo no cinema (estratégia que obviamente fracassou, pois tal filme, “24 HORAS DE SEXO EXPLÍCITO”, foi um tremendo sucesso). Vários outros diretores entraram na onda do hardcore, a maior parte deles sob pseudônimo.

Cláudio Cunha produziu em 1984 “OH REBUCETEIO” certamente um dos melhores filmes de sexo explícito de todos os tempos. O filme tinha cenas verdadeiramente afrontosas, que mexiam com o público, como quando Cunha aparece incitando o espectador a gozar junto com os atores (e olhando para a câmera enfaticamente).

“COISAS ERÓTICAS” e outros tantos filmes do gênero XXX que vieram na sequencia, “jogam a ultima pá de terra” nas pornochanchadas produzidas na Boca do Lixo, que apostavam na nudez de belas atrizes e simulação de cópula, traições e um pouco de sexo-papo-cabeça.

 O FILME

  

COISAS ERÓTICAS (1981, Brasil) Direção: Rafaelle Rossi e Laente Calicchio. Elenco: Oásis Minitti, Jussara Calmon, ZairaBueno, Vânia Bonier, Walder Laurentis, Regina Célia e Deusa Angelino.

Revolução na época do seu lançamento, já que os espectadores brasileiros finalmente poderam ver atores “fodendo de verdade”. O filme começa com uma cena de masturbação do ator Oásis Minniti. É o início da primeira das três histórias do longa dirigido por Raffaele Rossi. A primeira cena de sexo do cinema pornô brazuca é protagonizada pelos atores Oásis Minniti e Jussara Calmon (assista o cena do filme no final do post).

Apesar das cenas “calientes” para a época, “COISAS ERÓTICAS” mostra o sexo explícito tímido, com alguns poucos closes do “tchaca-tchaca na butchaca” e, principalmente problemas nos ângulos de filmagem. Os órgãos sexuais ficam encobertos por braços e pernas o tempo todo; os ângulos de câmera escolhidos não são exatamente os melhores para ver a “ação”. Cenas de sexo oral são rápidas e filmadas de longe, talvez para não chocar. A ejaculação dos atores raramente é explícita, o que nos pornôs costuma representar o realismo da coisa (“Se o ator gozou, é porque eles estavam transando de verdade!”). Uma das cenas do filme, quando dois homens que se acariciam é engraçadíssima, pois termina com Fred dizendo: “cuidado com o dedão aí”. O riso anula a crítica à homofobia pensada pelo diretor do segundo episódio, Laerte Calicchio, braço direito de Raffaele Rossi, diretor geral.

Algumas das atrizes nem toparam ir até o fim: Zaira Bueno, por exemplo, não aparece fazendo sexo, nem explícito e nem simulado, apenas peladinha numa cena de banho – mas já vale, pois ela é a mulher mais bonita do elenco.

“COISAS ERÓTICAS” pelo seu aspecto pioneiro e revolucionário, pela nudez das musas Jussara Calmon e Zaira, merece o reconhecimento da critica e dos cinéfilos no seu aniversário de 30 anos e, com certeza, a data não passará em branco.

 O LIVRO

Não passou! O primeiro filme pornô brasileiro ganha a sua biografia: COISAS ERÓTICAS – A HISTÓRIA JAMAIS CONTADA DA PRIMEIRA VEZ DO CINEMA NACIONAL (Panda Books, 200 páginas), dos jornalistas Denise Godinho e Hugo Moura.  

Alternando o relato jornalístico com uma espécie de reconstituição dramática daqueles tempos (e da carreira pregressa do diretor do filme, Raffaele Rossi, e de outros envolvidos, bem como de seus destinos), os dois pesquisadores traçam um interessante panorama do cinema paulista – a morte da pornochanchada (e de quebra a Boca do Lixo paulistana) e a entrada do Brasil no do ranking dos maiores produtores mundiais de filmes pornôs.

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